sábado, 17 de dezembro de 2016
FEST RIMBÓ - FESTIVAL DE CARIMBÓ DE SANTARÉM NOVO | EDIÇÃO ESPECIAL 2016 | TAMBORES DA RESISTÊNCIA
"Olha o carro na ladeira
Ah, Tombador
Não deixa o carro virar..."
Parceir@s, parentes, amig@s, irmãs e irmãos da grande e diversa família
carimbozeira, é com imensa alegria que convidamos vocês pra esta edição
especial do nosso Festival de Carimbó de Santarém Novo, o Fest Rimbó, que acontece nestes dias 17 e 18 de dezembro no Barracão da Irmandade de São Benedito.
Vão ser dois dias intensos de muito carimbó e alegria com mestres e
grupos de Santarém Novo e de outros municípios da região, com rodas de
conversa sobre patrimônio e resistência, com vivências entre mestres e
aprendizes, entre outras delicias.
É um verdadeiro "esquenta" pro
ciclo da Festividade do Carimbó de São Benedito, que iniciará logo em
seguida no dia 21 até 31 de dezembro.
Perdoem se o convite chega
assim em cima da hora, com tão pouca antecedência. Mas o motivo foram as
inúmeras dificuldades enfrentadas para realizarmos o festival, mais uma
vez sem qualquer apoio/patrocínio público ou privado, o que nos levou
quase a cancelar o evento.
No entanto, buscando força e
inspiração na raiz que nos sustenta, em nossos mestres e mestras, em
nossos grupos e comunidades que ensinam e resistem há séculos, tomamos a
decisão de fazer o festival com nossos próprios meios, contando apenas
com nosso trabalho e organização autônoma, coletiva.
É essa
energia incrível que torna especial esta edição do Fest Rimbó, batizada
por nós de Tambores da Resistência. Porque quando batemos nossos
tambores e giramos nossos corpos em êxtase de liberdade ancestral,
fazemos pulsar essa memória viva dos povos que lutaram e continuam
lutando contra toda forma de opressão e exclusão.
Entregamos
assim a vocês esta edição especial do nosso festival, feita pelas mãos
humildes, corajosas e generosas do povo de Santarém Novo. Que seja nosso
melhor presente neste final de ano.
Sejam tod@s bem vind@s!
Viva o #CarimbóNossoPatrimônio !
#FestRimbó #VemPraSantarémNovo
Contatos da Coordenação:
(91) 98191-6690 (tim e zap)
(91) 99969-3572 (oi)
carimbopatrimonioculturalbr@gmail.com
quarta-feira, 13 de janeiro de 2016
Encontro de Mestres e Mestras Populares promove reflexões e diálogos em Santarém Novo
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A Cultura Popular assumiu o centro do debate |
O Festival de Carimbó de Santarém
Novo (Fest-Rimbó) é uma referência em todo o Estado do Pará por reunir grupos
de carimbó de diversos municípios, como Marapanim, Santa Bárbara, Salinas, São Miguel do Guamá, Salvaterra, Parauapebas,
Maracanã e Belém. O que é preciso
ressaltar a cada ano, no entanto, é o caráter político do festival. Na última
edição, foi mais uma vez realizado dentro do evento o Encontro de Mestres e Mestras do Carimbó,
espaço onde ocorreram trocas de experiências e debates sobre as políticas culturais que são necessárias para as culturas populares.
Mestre Manoel Agnaldo, de
Marapanim, representante atual do carimbó no Colegiado Setorial de Cultura
Popular do Ministério da Cultura (Minc), considerou que a grande importância do
Fest-Rimbó atualmente é promover momentos de reconhecimento da cultura popular
como um elemento fundamental de sobrevivência da população amazônica. “É
preciso que a gente entenda que a maior explosão cultural do nosso estado deve
ser tratada com amor. E que a nossa união é o mais importante”, ressaltou.
Segundo Mestre Manoel, após o
reconhecimento do carimbó como patrimônio brasileiro, surgiu uma nova
ferramenta de reivindicação importante para os mestres: a documentação oficial gerada pelo Iphan, como o dossiê e o certificado de Patrimônio Imaterial entregue aos mestres e grupos.
Que, no seu entendimento, são chaves importantes para abrir novas portas para a
cultura popular por meio de pressão pelo desenvolvimento de políticas públicas.
Para outras lideranças, como o músico e artesão Edson, do Grupo Zimba Retumbá, de
Parauapebas, os grupos devem ter como prioridade os jovens e crianças de seus
municípios, para que o conhecimento presente no carimbó possa circular e se
retroalimentar das novas gerações.
Estiveram presentes também
convidados de outros estados e regiões do país como o Grupo Flor de Pequi, da cidade de Pirenópolis, Goiás, que trabalha com brincadeiras e cantigas de roda, e o Mestre Zé da Viola e sua Reisada, acompanhado de Dona Lourdes, Catarina Ribeiro e o fotógrafo Marcos Nogueira, que vieram de Roraima. Além de ministrar oficinas e
se apresentarem na programação do festival, os convidados compartilharam suas
impressões sobre o evento e sua importância para o universo da cultura popular amazônica e brasileira. “A gente não entende a vida sem as nossas
brincadeiras populares”, defendeu Catarina Ribeiro.
terça-feira, 5 de janeiro de 2016
Grupos de Teatro vão aos quintais de Santarém Novo
![]() |
Teve Teatro em Santarém Novo! |
Em Santarém Novo, município do
nordeste paraense, o mês de dezembro é um mês especial. É quando o barracão da
Irmandade de São Benedito, santo de devoção do lugar, recebe grupos de carimbó
de todo o Estado do Pará para trocas de vivências e momentos de celebração no
Festival de Carimbó de Santarém Novo- Festrimbó. Este ano, além do barracão, os
quintais das casas do município também foram alvo de uma programação especial:
O teatro de quintal.
Isaac Loureiro, membro da
organização do festival, explica que a principal inspiração para o surgimento
da ideia veio de um grupo de Brasília, o grupo do Seu Estrelo. “Lá eles
utilizam terreiros para suas apresentações. Vi que aqui nós poderíamos utilizar
os quintais para envolver os moradores”. Segundo Isaac, o intuito é fazer uma
programação todos os anos que abarque um público que não vai para o barracão do
carimbó. “É importante oferecer atividades paralelas”, completa.
A “turma do teatro”, como diz
Isaac, veio para o Festrimbó no ano de 2014, representada pelo grupo “Causo e
Cia”. Naquele ano, foram desenvolvidas contações de histórias e performances em
cortejos pela cidade. A atividade foi bem sucedida, segundo a organização, pois
jovens e crianças se envolveram com o trabalho dos artistas.
Para o ano de 2015, a coordenação do festival viu que era possível ampliar o número de apresentações, então fez a proposta aos parceiros para a realização da I Mostra de Teatro de Quintal. Além do “Causo e
Cia”, vieram à cidade os grupos In Bust Teatro com Bonecos, Cia. Sorteio de
Histórias e os atores Nanan Falcão e Lucas Azevedo, todos dentro do projeto
Casarão Roda, do Casarão de Bonecos, espaço em Belém que agrega vários grupos e coletivos teatrais.
As contações de história e
performances apresentadas foram: “Histórias do Rio-mar”, da Causo e Cia, “O
príncipe Celestino, a lavadeira Anabela, e o sapo que não lava o pé”, de Paulo
Ricardo Nascimento, “Quirck, para crianças e pessoas com coração de criança”,
de Pedro Olaia, “Sorteio de contos: a história do aluno e seu professor”, da
Cia. Sorteio de Contos, “O conto dos três irmãos”, de Nanan Falcão e Lucas
Alberto, e “A gira dos Vagalumes”, do Projeto Vertigem.
O resultado foi considerado excelente pela comunidade e pelos artistas. O público adorou a novidade do teatro ali debaixo da árvore, no quintal mesmo, e no chão do barracão da Irmandade, onde dezenas de crianças assistiam tudo com olhinhos brilhando de encantamento e alegria. Um momento realmente lindo, de muita generosidade de ambas as partes, artistas e público.
Pra 2016 a Mostra de Teatro de Quintal já está na agenda do festival, com possibilidade inclusive de circular por outras comunidades carimbozeiras paraenses. Vamos esperar as novidades...
O resultado foi considerado excelente pela comunidade e pelos artistas. O público adorou a novidade do teatro ali debaixo da árvore, no quintal mesmo, e no chão do barracão da Irmandade, onde dezenas de crianças assistiam tudo com olhinhos brilhando de encantamento e alegria. Um momento realmente lindo, de muita generosidade de ambas as partes, artistas e público.
Pra 2016 a Mostra de Teatro de Quintal já está na agenda do festival, com possibilidade inclusive de circular por outras comunidades carimbozeiras paraenses. Vamos esperar as novidades...
quinta-feira, 17 de dezembro de 2015
Fest-Rimbó 2015- Se Programe!
PROGRAMAÇÃO COMPLETA
EM SANTARÉM NOVO
Dia 18/dezembro -
Sexta
08:00 às 12:00- Oficinas com grupos convidados do
Festival (Mostra Batuques do Brasil)
Oficina de Lindô e Reisada - com Mestre Zé da Viola e D.
Lurdes (Rorainópolis/RR)
Local: Salão do CRAS (antigo Centro Solidariedade) –
Inscrições gratuitas.
14:00 às 18:00-
Oficinas com grupos convidados do Festival (Mostra Batuques do Brasil)
Oficina de Ritos e Brincadeiras Populares – Com Grupo Flor
de Pequi (Pirenópolis/GO)
Local: Salão do CRAS (antigo Centro Solidariedade) –
Inscrições gratuitas.
19:30- Momento de
Acolhida do 13º FEST RIMBÓ com cantos e folia tradicionais
Local: Barracão do Carimbó de São Benedito
20:30- Roda de
Boas Vindas e Abertura do Festival com folias, poesia e carimbó
Interações musicais e poéticas entre mestres e mestras do
carimbó, reisada, lindô, côco, entre outros
21:30- Circuito
Cine Carimbó – Mostra Audiovisual Itinerante da Campanha do Carimbó
Exibição de Curtas Paraenses: “O Grande Balé de Damiana” (de
João Loureiro Jr) e “Sonâmbulos” (de Renata Loureiro), entre outros.
Exibição de curta sobre patrimônio imaterial produzido pelo
Grupo Flor de Pequi (GO).
23:00-
Encerramento do 1º dia
Dia 19/dezembro –
Sábado
07:00- Alvorada
do Festival na Casa do Mestre Bernardo e D. Ana
08:00- Recepção
Carimbozeira aos grupos e convidados visitantes
Locais: Trapiche Municipal e Pça Justino Montalvão
09:00 às 13:00- Seminário Estadual da Campanha do
Carimbó
Tema: “Carimbó Patrimônio Cultural - 10 anos de luta, 1 ano
de conquista”
Atividade organizada pela Coordenação da Campanha do Carimbó
Local: Local: Salão do CRAS (antigo Centro Solidariedade)
14:00 às 17:00-
Oficinas com grupos convidados do Festival (Mostra Batuques do Brasil)
Oficina de Coco de Roda - Com Mestre Severino (Natal/RN)
Local: Salão do CRAS (antigo Centro Solidariedade) –
Inscrições gratuitas.
16:00 às 18:00 -I
Mostra de Teatro de Quintal – Espetáculos e performances teatrais nos quintais
de moradores de Santarém Novo (Acesso gratuito)
Grupos convidados: Causo e Cia, In Bust Teatro com Bonecos,
entre outros.
17:00- Cortejo de
Abertura do Festival celebrando 13 anos do Fest Rimbó e 10 anos da Campanha do
Carimbó
Concentração na Praça da Matriz as margens do Rio Maracanã,
saindo em direção ao espaço do festival no Barracão do Carimbó de São Benedito
18:00- Acolhida
com o Grupo Os Quentes da Madrugada – Tradicional (Barracão de S. Benedito)
18:30- Cerimônia
de Abertura e Entrega dos Certificados de Patrimônio Cultural Imaterial
Brasileiro para Mestres, Mestras e Lideranças Carimbozeiras de Santarém Novo e
Região do Salgado.
Convidados: Mestras e Mestres de Carimbó, Representantes de
Grupos, Iphan, Autoridades Municipais, Coordenação da Campanha do Carimbó.
19:30- Mini-Festival 2015 – Apresentação de Grupos
Mirins de Carimbó
Grupo
Mirim da Irmandade de Carimbó de S. Benedito (Santarém Novo)
20:00- Mostra
Batuques do Brasil – Ano II
Reisada
de Mestre Zé da Viola (Roraima)
Coco de
Roda Mestre Severino (Rio Grande do Norte)
20:30- Mostra Mestre
Celé de Carimbó – Ano XIII
Apresentação
de grupos de carimbó de Santarém Novo e vários municípios
00:30- Festa de
Carimbó no Barracão da Irmandade – com Grupos convidados
Dia 20/dezembro –
Domingo
07:00- Café da
Manhã Carimbozeiro no Barracão da Irmandade
09:00 às 12:00- X
Encontro dos Mestres e Mestras do Carimbó -Tema: “Salvaguarda quem faz somos
nós”
Convidados: Mestres e Mestras de Carimbó do Pará, Mestres e
Mestras de Roraima, Rio Grande do Norte e Goiás.
Local: Barracão de São Benedito
15:00 às 17:00-
Roda de Conversas e Batuques Brasileiros – Carimbó, Côco e Cacuriá com Mestre
Severino, Mestre Zé da Viola, Flor de Pequi e Grupos de Carimbó
Local: Barracão de São Benedito
16:00- I Mostra
de Teatro de Quintal – Espetáculos e performances teatrais nos quintais de
moradores de Santarém Novo (Acesso gratuito)
Grupos convidados: Causo e Cia, In Bust Teatro com Bonecos,
entre outros.
17:00- Celebração
e Cortejo de Despedida do Festival saudando as 13 edições realizadas
Concentração no Mangueiral, Bairro da Liberdade, saindo em
direção ao espaço do festival no Barracão do Carimbó de São Benedito
18:30- Apresentação
do Cordão Tradicional “Os Pretinhos” (Santarém Novo)
19:15- Mostra
Batuques do Brasil – Ano II
Roda de
Brincadeiras e Cantorias com Grupo Flor de Pequi (Goiás)
20:20- Carimbó de
São Benedito com o grupo “Os Quentes da Madrugada – Juventude”
21:00- Mostra Mestre Celé de Carimbó – Ano XIII
Apresentação de grupos de carimbó convidados
01:00-
Encerramento do 13º FEST RIMBÓ
segunda-feira, 14 de dezembro de 2015
Quem chama a roda de carimbó?- A história do Fest-Rimbó
![]() |
Mestre Bento guarda os nomes dos personagens mais antigos do carimbó de Santarém Novo |
Santarém Novo, fim dos anos 1990.
Associações de moradores, sindicatos, centros comunitários e quantas mais
organizações da cidade se reuniram em um fórum. A pauta: fazer um grande evento
para promover a cultura local. E o que mais representativo do que o carimbó?
Quem não é de lá pode não saber, mas o batuque corre na veia dos nativos.
Consenso geral, dali saiu a faísca que gerou o “Festival de Carimbó de Santarém
Novo”, também conhecido como Fest Rimbó, um dos principais encontros de carimbó
do país.
A ideia original era usar o fervor do carimbó
para aquecer a economia do município, atrair turistas e vender bem durante os
dias de festa, mas o Fest Rimbó foi muito além.
Virou ponto de encontro e reconhecimento entre mestres de todo o Pará e
afora. Uma referência para praticantes e fãs dessa cultura centenária. Todo
esse potencial podia se sentir já na primeira edição do evento em 2002.
2002: o início de tudo
“Era uma estrutura bem precária, um
palco no meio da rua que parecia um palanque, mas o pessoal parou pra ver”,
lembra Isaac Loureiro, um dos organizadores do festival. “Apesar de ter algumas
pessoas da Prefeitura no fórum, não tivemos apoio do poder público. A gente fez
assim mesmo, na marra”. A estreia do Fest Rimbó não teve ares de mega
espetáculo, mas foi um sucesso de público.
Na base do “boca-a-boca”, grupos e
artistas de carimbó de todo o Estado aportaram a Santarém Novo. O município
está ali no coração, bem na fronteira entre o Salgado e a Região Bragantina.
Não à toa foi sede de uma Intendência no século XIX porque ele é um polo de
comunicação com toda a Região Nordeste do Pará. As mesmas qualidades que
favoreceram a afluência de tantas pessoas do universo do carimbó. “Veio gente
de longe, de Marapanim, Salinas, Maracanã e até músicos de Muaná, no Marajó”.
Concurso de composições: o carimbo vive
Quatro palavras explicam tamanha
procura: um concurso de composições. “A ideia de fazer o concurso veio da
preocupação em valorizar o carimbó como uma cultura atual, viva em contraponto
à visão que o carimbó é uma coisa do passado” conta Isaac. Na época, as rádios
AM e FM, só tocavam esse tipo de música na programação da madrugada. As bandas de baile guardavam os carimbós para
o fim do repertório, focando sempre na trinca de “Verequete, Pinduca e Lucindo”
e olhe lá.
“Mas será que não tem música nova?
Carimbó sendo feito agora?”, era a pergunta que se faziam os organizadores do
festival. A resposta eles já sabiam, novos grupos e compositores sempre
existiram. O concurso serviu para espalhar a notícia.
Havia uma regra básica: para
participar tem que ter música inédita e original. “Isso deu visibilidade para
uma geração inteira de compositores que estavam ali invisíveis”, afirma Isaac
Loureiro. “Compositores maravilhosos, alguns bem idosos já, que tivemos a honra
de ter no palco, e alguns compositores novos, muito bons, que estavam surgindo.
Isso foi um diferencial muito importante”.
Nessa primeira fase, o regulamento
não fazia divisão entre carimbó tradicional, o “raiz’”, e aquele tocado com
instrumentos modernos e elétricos, conhecido como “estilizado”, nem julgava
temática. As próximas edições incorporariam esses critérios. O que importava (e
ainda importa) era o ineditismo e a qualidade do som.
2003
Sucesso comprovado, o Fest Rimbó foi
apoiado pela Prefeitura de Santarém Novo e Governo do Estado, em sua segunda
edição. A festa saiu da rua e foi para um ginásio da cidade. Fechando a
programação, por meio da Fundação Cultural do Estado, o maior popstar do carimbó: Pinduca. “De um ano
pro outro já virou um evento do porte um pouco maior e as pessoas viam que
movimentava bem, não só a população da cidade, mas dos municípios vizinhos que
vinham e daí ele só foi evoluindo”, diz Isaac.
2004 : Quando o palco não é o bastante
Dois anos depois de surgir o Fest
Rimbó, foi criado o Festival de Marapanim, município da Região do Salgado
também com uma longa tradição no carimbó. Em Santarém Novo, começava uma
reflexão. Muitos grupos foram criados em Santarém Novo e em outros lugares a
partir do festival. O problema era que eles só se articulavam para participar
do festival, o resto do ano era de inatividade. “O festival se tornou um ponto
de agregação e aí nós vimos que o palco não resolvia, porque a gente via que
fora do palco, junto com as brincadeiras e a alegria de estar junto, vinham os
relatos das dificuldades dos problemas”, relata Isaac. Era ali, nos bastidores, e não no palco que os
mestres abriam como eles estavam se mantendo, como é que o grupo estava se
mantendo. A partir do próximo ano, essa dinâmica começaria a mudar.
2005: Nasce a campanha “Carimbó Patrimônio Brasileiro”
“Tem uma parte do público que só quer
saber do show, do que tem no palco. Pra nós não é só o palco, tem as rodas de
conversa, debates, a interação entre os artistas de carimbó. O palco é só uma
parte da história, do que rola. E foi essa a mudança fundamental na história do
festival”, considera Isaac. Tudo que ficava no segundo plano foi trazido para
frente para fazer parte da programação do evento. Além de ser uma vitrine, o
Festival se consolidou como um espaço de formação, encontros e troca de
experiências entre os participantes.
No mesmo ano, os mestres, grupos e
comunidades de carimbo do Pará presentes no Festival lançaram a campanha “Carimbó
Patrimônio Brasileiro” ou apenas “Campanha do Carimbó”, um movimento que
reivindica o reconhecimento do carimbó como um patrimônio da cultura nacional e
as condições para que seus guardiões perpetuem a essa tradição. Em dez anos, a
campanha conseguiria a tão sonhada titulação, que abre a possibilidade de uma
série de fomentos para o carimbó.
2015: o evento-movimento
Antes
com caráter bem regional, o Festival de Carimbó de Santarém Novo está ganhando
uma dimensão mais ampla. Não só o evento, mas o processo todo de articulação do
carimbó, porque as pessoas vêm pra dialogar com o carimbó, não só para
assistir, dançar, cantar ou tocar. “Não é essa relação, não é um festival nessa
linha da produção tradicional formal, é um festival encontro, é um festival
movimento, é um evento-movimento. É um evento que promove um movimento cultural
de discussão, reflexão, articulação, trocas, gera alianças e consolida
parcerias”, afirma Isaac Loureiro.
segunda-feira, 7 de dezembro de 2015
Os mestres do artesanato do curimbó
Já é noite alta, a festa está quente. No barracão da Irmandade de
São Benedito, em Santarém Novo, os casais dançam sem parar, tradicionalmente
vestidos com seus paletós e suas saias coloridas. Você, visitante, está
empolgado e suado, rodando ao ritmo do carimbó. Mas pare um instante! Olhe para
o conjunto que toca, repare bem. Você já notou os detalhes dos instrumentos dos
quais os mestres tiram o som? O curimbó, por exemplo, o tambor grande também
chamado de carimbó e que intitula o ritmo, é todo esculpido e pintado à mão. Já
imaginou o trabalho que dá?
O Festival de Carimbó de Santarém Novo é um espaço que, além de abrigar folia e devoção, oferece também
oportunidades de contato com os saberes dos mestres artesãos do carimbó. Como parte da programação do festival, o mestre Sabá, um dos mais importantes do município, ministrará uma oficina, no dia 12 de dezembro, no Sesc Boulevard, em Belém, sobre as técnicas que utiliza na confecção dos instrumentos. Segundo o próprio mestre, que já trabalhou com oficinas também na Fundação Curro Velho, o trabalho deve ser desenvolvido com insistência. “O segredo é ir fazendo, ir descobrindo as técnicas, ir pegando a prática. Eu não aprendi ‘de pai pra filho’. Ninguém me ensinou”, ele conta. A oficina também ser ofertada em Santarém Novo, voltada para aprendizes da comunidade, principalmente aos grupos mirins, na semana que antecede o festival.
Mestre Sabá, que também confecciona esculturas de caranguejos, araras e tatus, utilizando o formão sobre a madeira, lembra que iniciou no ofício a partir de um sonho. Após uma noite em que se via fabricando as peças, decidiu que se tornaria alguém capaz de materializar suas visões. “Fui para o mangue, cortei o tronco da siriúba, limpei ela, e fui fazendo. Eu já tava com uma boa idade. Depois isso, deu o meu sustento para pagar água, pagar luz, ajudar no sustento dos meus filhos”.
Foi durante o Fest Rimbó que ele iniciou a prática de repassar seus conhecimentos aos mais jovens. Começou então a ter gosto de sempre manter sua oficina aberta às pessoas de olhar atento que, além de dançarem no barracão, se interessam pelos pormenores do artesanato. Para contribuir com o financiamento do Festival e ajudar para que oficinas como essa sejam ofertadas, basta que você acesse o site Kikant
sexta-feira, 4 de dezembro de 2015
Como nasce uma cidade
![]() |
Conheça os caminhos dessa história |
Há muitos caminhos para que uma
cidade torne-se o que é. A você, viajante, que já está preparado para encarar
os três dias de música e dança do 13º Festival de Carimbó de Santarém Novo,
chegou a hora de entender um pouco dos trajetos da história de Santarém Novo.
Antes que você pergunte, nós já lhe adiantamos. Não, ela não foi fundada em
referência à Santarém localizada às margens do rio Tapajós. E nem é tão nova
quanto indicam certos documentos.
O rio que alimenta a cidade de
peixes como dourada e piramutaba é o Maracanã. Foi através dele que, no ano de
1653, período da chegada do padre Antônio Vieira ao então governo-geral do
Maranhão e Grão-Pará, foi instalada uma missão religiosa (lê-se: ação de
dominação europeia) no local onde encontrava-se a etnia dos Maracanã. Ali,
também viria a ser fundado o município de mesmo nome.
O povoamento, segundo
historiadores, expandiu-se rapidamente. No ano de 1700, já havia ganhado o
status de freguesia, que podemos entender hoje como um grau semelhante ao de
município, com certa importância política e econômica. Então, em 1758, paralelo
à expulsão dos jesuítas no Brasil, liderada pelo Marquês de Pombal, é erigida a
vila de Cintra, que incluía o que hoje se conhece como os municípios de
Maracanã, Marapanim, Salinópolis, Santarém Novo e uma parte de Igarapé-açu.
A então vila de Santarém Novo, no
dia 12 de agosto de 1890, é elevado à categoria de município, sendo sede de uma
vasta intendência. No entanto, com o surgimento de uma nova dinâmica social,
provocada pelo advento da estrada de ferro, em 1906 é extinto e seu território
anexado à Maracanã. Foi somente no dia 29 de dezembro de 1961, através da Lei
nº 2.460, quando Aurélio do Carmo era governador do Pará, que Santarém Novo
foi, finalmente, reconduzido à categoria de município. Viu só? Considerando a
data de 1890, já são 125 anos como município!
Como chegar
De Belém a Santarém Novo são
apenas 180 km, saindo pela rodovia BR-316 até o trevo da Vila Nova (passando
pelo município de Santa Maria do Pará) e seguindo pela rodovia de Salinópolis
(PA-324) até o trevo da entrada do município, na Vila de Pau-Amarelo (PA-124).
Você já sabe, mas não custa nada lembrar. Para
contribuir com o financiamento coletivo do 13º Fest Rimbó, basta participar da
vaquinha online no site Kikant (
http://www.kickante.com.br/campanhas/festival-de-carimbo-de-santarem-novo-fest-rimbo-
quarta-feira, 2 de dezembro de 2015
Quer escutar uma história?
![]() |
Dona Lôla Loureiro mantêm viva a memória da Cultura Popular! |
A voz pode estar cansada e as pernas
exaustas para grandes caminhadas. O brilho nos olhos, no entanto, nos revela em
poucos segundos que estamos diante de uma autêntica guardiã da memória coletiva
de Santarém Novo. Dona Lôla Loureiro, 86 anos, é uma das mais antigas mestras da
cultura popular do município. Suas lembranças e histórias saem de sua boca com
a marca de quem, de fato, viveu de perto, durante muitos anos, as festas e
folguedos do lugar. O 13º Festival de Carimbó de Santarém Novo, fruto direto
dessa trajetória, pede licença respeitosamente a ela antes de começar.
“Desde criança que eu gostava de
brincar. Quando era mocinha, saía no Pássaro Ararajuba, na vila de Santo
Antônio”, recorda. Dona Lôla se refere ao cordão de pássaro, um tipo de teatro
popular tipicamente amazônico, no qual personagens como a “Guardiã do Pássaro”,
a “Fada” e o “Caçador” protagonizam os espetáculos. Sem esquecer dos “Matutos”, que arrancavam risadas dos
espectadores. Mas os anos de
brincantes, segundo ela, duraram apenas até se casar com seu Temístocles, mais
conhecido como Seu Bitoca, que dá nome à Biblioteca Municipal da cidade. Em
Santarém Novo, um dos pássaros encenados por dona Lôla e seu Bitoca, era a “Ave
do Paraíso”.
O marido era ensaiador de brincadeiras
como o Cordão de Pássaros e os Pretinhos, manifestação que consiste em cantos e
danças de meninos vestidos de homem e mulher, e que estará na programação do
festival. Dona Lourdes passou então a trabalhar com os figurinos dos atores.
“Eu desenhava os modelos e entregava para as famílias costurarem para os seus
filhos. Todos faziam a sua parte. Hoje as pessoas só querem se tiver algum
apoio e as meninas têm vergonha”, constata. Mas nada de lamentações, né, Dona
Lourdes? “Eu tinha era muita vontade de fazer ainda, só que não posso mais. Quem
continua agora são os meus netos”.
O baú de histórias é imenso e a
simpatia, também. Em um final de tarde, após tomar um tacacá na banca de Dona
Irene, procure saber onde fica a casa de Dona Lôla. Peça a sua benção, sente-se
ao lado de sua cadeira de balanço. Em poucos minutos, você descobrirá a razão
de Santarém Novo ser uma cidade que merece ser visitada.
E
não esqueça. Para contribuir com o Festival de Carimbó de Santarém Novo é só
participar do financiamento coletivo no site Kikant ( http://www.kickante.com.br/campanhas/festival-de-carimbo-de-santarem-novo-fest-rimbo-0). A cultura popular paraense agradece.
segunda-feira, 30 de novembro de 2015
Um baile de acolhida
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Dona Miruca e Seu Martins Bernardo abrem a pousada para os visitantes! |
Geovane Máximo, estudante de
Ciências Sociais da Universidade Federal do Pará (UFPA), foi a Santarém Novo
pela primeira vez durante Festival de Carimbó do no ano passado. Ele
participava da organização de um evento de bandas de rock na cidade. Após alguns
dias, e algumas idas ao barracão da
Irmandade de São Benedito, porém, o ritmo do carimbó já havia feito a sua
cabeça e a de seus companheiros. Resultado: cinco dias se passaram e, mesmo com
a grana curta, ele foi recebido e acolhido pelos moradores como um familiar ou
um amigo de muitos anos.
Assim é a povo de Santarém Novo.
Durante a programação do 13º Fest Rimbó, novamente o município receberá, com
muita disposição, todos aqueles que vêm de suas cidades conhecer a cultura do
Carimbó. Lugar pra ficar é o que não vai faltar. A “Pousada Martins”, por
exemplo, administrada por dona Miruca e seu Martins Bernardo, dispõe de nove
quartos que podem ser reservados pela internet. “Tudo começou há mais ou menos
vinte anos. A gente tinha alguns quartos vagos e vimos que podíamos alugar para
as pessoas de fora que vinham trabalhar”, lembra Seu Martins. A casa também
oferece café da manhã aos hóspedes.
Um diferencial de hospedar-se em
Santarém Novo é o fato de todas as pessoas estarem envolvidas, direta ou
indiretamente, com a Festividade do Carimbó. Dona Miruca conta que foi uma
exímia dançarina do ritmo e que, hoje, os seus netos, como o Pedro Afonso, de
cinco anos, fazem questão de participar da festa. “Ele sempre dança com as
meninas e me cobra: ‘Vovó, cadê meu paletó?”. Para quem não sabe, segundo a
tradição da cidade, os homens devem dançar sempre de paletó e sapato social; e
as mulheres, saia longa e blusa abaixo do ombro.
Para fazer as refeições diárias,
o viajante pode recorrer às casas de cozinheiras conhecidas, como a dona
Teodorina, líder do grupo de carimbó mirim “Nova Geração”, ou ao cardápio de
restaurantes como o “Encontro dos amigos”, onde os pratos são preparados
especialmente para o recebimento de turistas. Outro lugar que vale lembrar é o
bar em frente à casa do mestre Ticó, cantor e compositor do grupo “Os Quentes
da Madrugada”. Lá, além de beber cerveja gelada e “gengibirra”, os grupos se
encontram para rever os amigos e continuar o batuque.
Este ano, a organização prepara
uma estrutura de camping, onde você vai poder armar sua barraca, tomar banho e
descansar depois de altas nas madrugadas do festival do Santarém Novo.
Aos mochileiros experimentados, a
organização prepara ainda a disponibilização de escolas para alojamento. Então,
arrume sua mala e venha sem medo. E não esqueça de contribuir com o
financiamento coletivo no site Kikant (
http://www.kickante.com.br/campanhas/festival-de-carimbo-de-santarem-novo-fest-rimbo-0).
Os mestres contam com você.
sexta-feira, 27 de novembro de 2015
O paladar do festeiro: as comidas tradicionais de Santarém Novo
![]() |
Já provaste o doce de jambo? Vem pra Santarém Novo conhecer! |
Após pegar algumas horas de viagem
entre Belém e Santarém Novo, é natural que o viajante que vem para participar
do 13º Festival de Carimbó de Santarém Novo sinta aquele vazio típico no centro
do corpo. É, com isso não dá pra brincar: fome é fogo! Mas não se desespere. Há
muito para conhecer, comidas e bebidas, na cidade onde o Carimbó não morreu. E,
é claro, junto com as receitas, conheça um mundo rico de detalhes que tornam a
cultura paraense um capítulo à parte na história do Brasil.
Nem é preciso andar muito. Logo ali, ao
lado da grande escultura de caranguejo, em frente ao prédio da prefeitura, está
armada a banca de uma das mais famosas tacacazeiras da cidade, a Dona Irene.
“Meu filho, quando é dezembro, isso aqui fica cheio. Aí sim a venda arrebenta, mas
eu não aumento o preço não. Continua sendo cinco reais”, nos conta. No
cardápio, além do tradicional tacacá, com molho de pimenta fresca e “queimosa”,
estão as deliciosas coxinhas de frango e as patolas de caranguejo. Mas não só
isso.
Dona Irene nos revela uma novidade para
os visitantes. “Tu nunca viste o tacacá de caranguejo? Ah, é muito bom. Agora
eu não tenho, o caranguejo ainda tá muito magro”, explica. A receita é simples:
a carne do animal é retirada junto com a gordura, refogada com temperos como
cheiro verde, e servida em uma cuia. “É uma comida típica do caboclo”,
acrescenta Isaac Loureiro, presidente da Irmandade de São Benedito e nosso
anfitrião.
Durante o festival, as cozinheiras
capricham na utilização de ingredientes amazônicos, como jambu, tucupi e
caranguejo, além da dourada e da piramutaba. Para agradar também ao gosto dos
viajantes vegetarianos, dona Ana Lopes, do restaurante “Encontro dos Amigos”,
prepara quitutes como o empadão de legumes. “Eu vi que alguns não comiam carne,
né? Então criei logo essa receita”, narra. É também dona Ana a criadora do doce
de jambo, aquela fruta roseada, muito presente nos municípios do Pará. “O jambo
fazia lama aqui. O que faço é botar o açúcar no fogo, fazer aquela calda
parecida com a do pudim e botar os pedaços da fruta”, nos explica, enquanto as
bocas se enchem d'água.
Há também a famosa “gengibirra”, bebida
de alto teor alcoólico que “abastece” de energia os festeiros durante os três
dias de festival. Segundo dona Teodorina Loureiro, não tem mistério. Basta
cortar os pedaços de gengibre, misturar com cachaça (“muita cachaça!”), pôr
açúcar e bater no liquidificador. Depois, é deixar “descansando” e bater de
novo e de novo - quantas vezes achar necessário.
Deu vontade de experimentar. A gente
sabe. Então é só arrumar as malas e planejar a viagem. A cidade estará de
portas e panelas abertas. Ah, e não esquece de participar do financiamento
coletivo no site Kikant ( http://www.kickante.com.br/campanhas/festival-de-carimbo-de-santarem-novo-fest-rimbo-0). A gente se encontra na estátua do caranguejo!
quarta-feira, 25 de novembro de 2015
Mostra Mestre Celé 2015- Saiba a história
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Mestre Ticó é um mestre de hoje, seguindo a linha de Mestre Celé |
Antes do tratamento de Mestre, ele era o “Seu”
Celé. O respeito e o reconhecimento, esses sempre foram os mesmos. Guardião da
memória e da tradição do carimbó e um dos maiores tocadores que Santarém Novo
já viu, Mestre Celé é referência. Há alguns anos, era só chegar à cidade e
perguntar sobre carimbó que era indicado o caminho da casa do senhor, sabedor
de todos os ritos e ritmos que envolvem essa cultura.
Hoje, entre os grandes mestres nas estrelas,
Mestre Celé empresta o nome à nossa Mostra de Carimbó. É ter a chancela do
passado recebendo o presente com bons votos de continuidade. Quem quer
participar, sabe a regra nº 1 da casa: tem que apresentar música inédita e
autoral. Desde 2002, a Mostra deu visibilidade para gerações inteiras de compositores contemporâneos
de carimbó, de gente nova que estreou na mostra até mestres já na idade de
“Seu” Celé, o mestre eterno.
segunda-feira, 23 de novembro de 2015
O Fest Rimbó abre espaço para as crias do Carimbó
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O grupo "Nova Geração" trabalha o ritmo para a grande estreia! |
Quando se fala em Carimbó, a
palavra que mais se escuta é tradição. É comum a preocupação em conhecer a
origem das festas e rituais, compreender todos os pormenores sobre o modo como
os antigos conduziam o ritmo e entoavam as canções. A sobrevivência da cultura,
no entanto, não seria possível sem o olhar e a força de vontade daqueles que
empenham-se em repassar aos mais novos a riqueza dos saberes dos mestres. É por
isso que o Festival de Carimbó de Santarém Novo possui dentro de sua
programação o Mini Festival de Carimbó, realizado desde a 4ª edição em 2005 e que traz para o centro do barracão
grupos mirim criados em Santarém Novo e em outros municípios carimbozeiros.
As coisas às vezes começam por
acaso. Mestre João Bernardo de Souza, por exemplo, antigo tocador de Carimbó de Santarém Novo, criou o grupo "Trinca-ferro mirim”, motivado pelo medo de que
seus netos e amigos se "perdessem na vida". “Os meninos brincavam de
bater Carimbó em uma pracinha aqui todo final de semana. Eu até dei uns
instrumentos pra eles", recorda. "Um dia eu notei que uns bêbados já
se chegavam com latinhas pra perto. Aí eu pensei que daqui a pouco eles podiam
se viciar. Mestre Bernardo, então, decidiu criar o conjunto, fundado em 2005.
Na estrada, apresentações em vários municípios do Estado, que só se encerraram
porque os meninos cresceram.
Outro nome muito importante nessa história foi o "Curumins da Madrugada", primeiro grupo mirim de carimbó criado em Santarém Novo em meados de 2003, justamente como resultado positivo do Fest Rimbó junto às crianças da cidade, que despertaram seu interesse assistindo os grupos e mestres que vinham se apresentar no evento. Hoje o grupo está inativo, mas deixou uma influência e exemplo que são inspiração para os novos grupos surgidos.
Para que o sopro de inspiração
para as crianças não fosse extinto, dona Teodorina Loureiro resolveu criar um
novo grupo, vinculado à Irmandade de São Benedito. “A gente tem que começar
desde cedo pra eles não ficarem com isso de vergonha depois. Vergonha de
dançar”, explica. O trabalho é feito com rigor e seriedade. Todas as noites o
conjunto ensaia na casa de dona Téo, como é conhecida. Mestre Dico Boi, o
membro mais antigo do grupo oficial da Irmandade, o “Quentes da Madrugada”,
também faz parte da turma de professores. “É um prazer tão grande pra mim, eu
agradeço à dona Téo que me convidou pra dar uma força. Estou aqui de coração,
de braços abertos pra fazer tudo que eu puder”, comemora.
No dia 18 de dezembro, a abertura
do Fest Rimbó ocorrerá com a estreia desse novo grupo-mirim, além de grupos
convidados vindos dos municípios de Marapanim, Curuçá e Maracanã. Para que tudo
ocorra nos trinques, contribua com o financiamento coletivo do Festival no site
Kikant ( http://www.kickante.com.br/campanhas/festival-de-carimbo-de-santarem-novo-fest-rimbo-0).
Ou você vai perder o grande início de uma nova história?
sexta-feira, 20 de novembro de 2015
Os poetas do Carimbó: a natureza da composição
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Mestre Bento Pimentel, da Vila de Bacuriteua, um poeta do carimbó. |
“Uns falam isso, outros falam
aquilo. A verdade é que o carimbó é uma força da natureza. É a fauna e a flora
juntas. Por isso que a pessoa que escuta sente vontade de ter contato com a
terra, de dançar descalça”. Quem nos explica é o Mestre Bento Pimentel, morador
da Vila de Bacuriteua, que fica próxima à Santarém Novo. A natureza é a grande
inspiradora de suas criações. Durante o Festirimbó, compositores de diferentes
estilos e gerações se unem para espalhar seus versos carregados da cultura
ribeirinha da Amazônia aos ouvidos dos visitantes.
Antônio Máximo, mais conhecido
como Toninho, faz parte de um grupo de jovens músicos chamado “Herdeiros da
Tradição”, o único do município a ser premiado durante o festival. Ele nos
conta que seu ofício de compositor nasceu inspirado pelo próprio Festival, mas,
inicialmente, ainda estava muito ligado a outros ritmos como o rock´n roll.
Hoje, após 12 anos de trabalho e 20 composições originais, o nome do grupo
ganha mais sentido. “Atualmente tocamos o carimbó de raiz, de pau e corda. E
não nos consideramos “artistas” não, isso é coisa pra quem tem apoio. Nós somos
tocadores de carimbó”, afirma.
São muitos os temas das letras
cantadas no barracão da Irmandade de São Benedito. O Mestre João Cabeção, da
Vila do Pacujá, destaca duas personagens míticas como grandes motivadoras de
canções: a Sereia e a Princesa. “É difícil você encontrar um grupo que não
tenha uma música sobre elas”, nos explica ele após cantar um carimbó “de
Sereia”. “Rapaz, a gente não vê, mas a gente inventa e faz o negócio. Acho que
ninguém ainda não viu. Mas eu acredito que tenha, né? Porque os velhos, meu
pai, contavam essas histórias de sereia”, relembra.
Segundo o Mestre, para fazer um
carimbó, é preciso estar em silêncio, quieto. “Ah, isso custa um pouco, né? Não
é numa hora que o cara faz pra criar uma música”. Deve ser assim, no sossego de
um roçado ou à beira do forno de farinha, que a força da natureza vem soprar
aos ouvidos dos poetas suas novas cantigas. Quer vir conhecer de perto as
melodias e seus mistérios? É só ir à Santarém Novo nos dias 18, 19 e 20 de
dezembro. Quem sabe as entidades dos rios e das matas também não lhe contam
segredos?
Não esqueça. Para contribuir com
o Festirimbó é só participar do financiamento coletivo no site Kikant (http://www.kickante.com.br/campanhas/festival-de-carimbo-de-santarem-novo-fest-rimbo-0). A cidade lhe aguarda.
quarta-feira, 18 de novembro de 2015
Crowdfunding, que bicho é esse?
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Venha se juntar à festa e contribua com o financiamento do Festival! |
“Carimbó” e “crowdfunding”
(também conhecida como “vaquinha virtual”) são palavras de raízes muito
distantes, mas que combinadas podem dar super certo. Se a gente for aperceber,
as duas estão ali coladinhas, em conceito e objetivo. Colaboração. Movimento
popular. Solidariedade. Onde já se viu falar em roda no barracão sem gente?
Carimbó de um homem só? Batuque é feito na coletividade, o “frevo” do povo que
constrói a festa. O XIII Fest-Rimbó chama você pra entrar roda e, além de
dançar, bater palma, tambor, e cantar, também contribuir na Campanha de
Financiamento Coletivo do festival. Espia como é fácil:
1º passo –
Entre na nossa página no Kickante
Esse é o nosso endereço na internet para
arrecadar uma grana e deixar o nosso festival mais bonito. O nosso “chapéu”
virtual que a gente passa entre o público para construir o Fest-rimbó junto com
a gente. O primeiro passo é só clicar aí no link.
2º passo – Escolha
o quanto quer contribuir e faça sua doação
Depois é só decidir o valor que você quer doar
pra gente. O Kickante aceita qualquer quantia acima de 10 reais e várias formas
de pagamento. Pode ser com seu
cartão de crédito, débito em conta corrente, PayPal e caso esteja com a
grana apertada a contribuição pode ser parcelada em até 6 vezes (para
valores acima de 50 reais).
3º
passo – Divulgue a campanha por aí
Agora que já fez sua doação (e mesmo se
não puder doar grana alguma), ajude a gente a movimentar o nosso projeto de
financiamento coletivo compartilhando a campanha com seus amigos e conhecidos,
no Facebook, Twitter, Whatsapp e na conversa cara a cara. Aqui, quem faz o
sucesso da campanha é você!
4º
passo – Mexe a cintura pra trás, pra frente um passinho só. Agora dê uma
rodadinha e dance assim o carimbó! (Vem com a gente pro XIII Fest-Rimbó)
Pronto!
Coloca a saia rodada na mala e vem pro XIII Festival de Carimbó de Santarém
Novo nos dias 18, 19 e 20 de dezembro. Esperamos por vocês!
segunda-feira, 16 de novembro de 2015
Conheça o município de Santarém Novo e a Festa de São Benedito
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A praça principal de Santarém Novo e suas cores à beira do Rio Maracanã |
“Olha, me desculpem, mas Santarém
Novo é o lugar número um do carimbó”. Dona Miruca, proprietária da “Pousada
Martins”, uma das três da cidade, não sorri quando diz a frase. Seu tom de voz
é agudo e direto. A seriedade vem de quem nasceu e cresceu ao som dos curimbós
e “reques”, e sempre esteve envolvida com o batuque. Em Santarém Novo, carimbó
é coisa muito séria. Além de movimentar economicamente a cidade no mês de
dezembro, o ritmo está ligado a uma fé centenária: a devoção a São Benedito.
O "Festival de Carimbó de
Santarém Novo" deste ano ocorrerá nos dias 18, 19 e 20 de dezembro. Após
seu término, a programação continuará com a centenária Festividade de Carimbó
de São Benedito, em homenagem ao Santo Preto, que inicia no dia 20 e vai até o
dia 31 de dezembro. “Aqui, quase ninguém faz festa de fim de ano porque as
pessoas não vão. Está todo mundo no barracão do carimbó”, explica Isaac
Loureiro, ativista cultural, pesquisador e presidente da Irmandade do Carimbó
de São Benedito.
Segundo ele, a festa tradicional
obedece a vários rituais. Tudo se inicia com a Alvorada, que é o momento em
que, a partir das cinco da manhã, os tocadores se dirigem à casa do festeiro ou
festeira para acordá-lo e receber as ofertas que consistem em comidas: carne de
porco, peixe e bebidas como a tradicional “gengibirra”. O festeiro é o membro
da irmandade sorteado para homenagear São Benedito com a festa, que na maioria
das vezes consiste também no pagamento de uma promessa. À noite, o batuque
segue para o barracão e vai até às quatro da manhã.
Dona Teodorina Loureiro,
cozinheira e vendedora de produtos variados, lembra bem quando seu neto Pedro
nasceu prematuramente, com alguns problemas de saúde. “Minha filha se agarrou
com São Benedito e disse que o menino era afilhado dele. Hoje meu neto está aí,
forte, com dois anos, e toca todos os instrumentos do carimbó. Eu quero que tu
vejas”, conta.
Pra conhecer mais da cultura do
município e das histórias dos seus habitantes, pegue um ônibus ou uma van, ou
mesmo aquela carona esperta, e venha ver de perto a programação do 13º
Festirimbó. Traga muita animação e energia para aguentar o batuque, viu? O povo
ali gosta de uma festa. E que São Benedito lhe abençoe.
Não esqueça de contribuir com o
financiamento coletivo do Festival no site Kikant. (
http://www.kickante.com.br/campanhas/festival-de-carimbo-de-santarem-novo-fest-rimbo-0)
quarta-feira, 11 de novembro de 2015
Festival de Carimbó de Santarém Novo chega à sua 13ª edição
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O Grupo Os Quentes da Madrugada, de Santarém Novo, aguarda sua presença e colaboração |
O ano de 2002 é um ano marcante. Não é preciso forçar tanto a mente para que lembranças venham à tona e nos transportem no tempo. No Oriente Médio, começava a invasão americana ao Afeganistão. No Japão, a Seleção Brasileira conquistava o quinto título da Copa do Mundo de Futebol!
Já em Santarém Novo, município do nordeste paraense localizado às margens do rio Maracanã, um novo ciclo histórico era iniciado, no qual os tambores dos mestres populares e a luta pela defesa da cultura do carimbó, finalmente, assumiriam as rédeas de sua própria trajetória. Nascia o Festival de Carimbó de Santarém Novo, conhecido como "Fest Rimbó", um território de festas e instrumento de reivindicação social.
O festival foi criado a partir de um fórum de entidades comunitárias do município, que discutiam estratégias para o desenvolvimento local. O carimbó foi um viés pelo qual podia se promover o desenvolvimento econômico e social e, ao mesmo tempo, cultural.
Em 2015, o festival chega à sua 13ª edição. Durante os dias 18, 19 e 20 de dezembro serão reafirmados seus compromissos com a promoção dos profissionais da cidade, sejam eles músicos, artesãos, compositores, costureiras e cozinheiras, e seguirá fomentando o debate político sobre ações de salvaguarda dos saberes da cultura popular. Foi durante o festival, no ano de 2005, que nasceu a Campanha do Carimbó, movimento cultural e político protagonizado por mestres, grupos e comunidades do Pará, responsável pela luta para registrar o carimbó como patrimônio cultural imaterial do Brasil, objetivo conquistado e celebrado no dia 11 de setembro de 2014. Naquele ano, a diversão se unia à discussão.
A edição deste ano traz novidades. Para que a programação do evento ocorra tranquilamente, a organização do evento, que é feita pela Irmandade de Carimbó de São Benedito, convoca a todos a não ser apenas visitantes e tornarem-se também parceiros. Como fazer isso? Ora, é só participar da vaquinha virtual no site Kikant (http://www.kickante.com.br/campanhas/festival-de-carimbo-de-santarem-novo-fest-rimbo-0). Por meio do financiamento coletivo, você contribuirá para que o ciclo iniciado em 2002 ainda não vire apenas história. E, sim, siga escrevendo novos começos.
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
CHEGANDO POR CÉUS, TERRAS E ÁGUAS...
É final de tarde em Santarém Novo, pequena e antiga cidade às margens do Rio Maracanã que aguarda a chegada de ilustres visitantes. Nas águas barrentas do rio o sol espalha mil tons de dourado, festa antecipada de cores e alegria que toma conta do coração do povo que escolheu um tambor de madeira oca para celebrar sua identidade e diversidade. Um tambor chamado Curimbó, herança tupi e africana que deu origem à mais perene e definitiva manifestação do povo paraense: o Carimbó.
O Carimbó que pulsa no ritmo da batida do coração de cada morador dessa região, sinfonia da natureza que alcançou as cidades e se instalou no bem querer de todo o povo, tradição que resiste ao tempo e ao preconceito, agora próximo de ser reconhecido como patrimônio da cultura deste país.
Em cada comunidade, ponta de praia, beirada de rio, bairro e cidade os preparativos para a esparada viagem já começaram. São muitos os que aguardam a hora de embarcar...E vêem por muitos caminhos, guiados pelo sentimento e certeza de que esse (re)encontro se fará pleno de festividades.
Sejam então bem vindas as canoas de pesca que zarpam da lendária Ilha de Maiandeua e da tradicional cidade de Maracanã, trazendo em seu bucho de madeira os mestres e crianças de Fortalezinha e Algodoal, com seus tambores de siriúba e suas cantorias praianas, povoadas das histórias do mar e da Praia da Princesa...Bem vindo Chico Braga, pela primeira vez ao nosso terreiro, que a maré lhes traga com alegria e segurança. Bem vindos Tio Pedro e Tio Milico, Novo Zimba e Unidos de Maracanã.
Pelas estradas que cortam a região do Salgado desde a Praia da Romana até o Farol de Salinas, virão os carimbozeiros de Curuçá, Salinas e Marapanim, com seus batuques poderosos e suas melodias de encanto saindo de seus banjos e gargantas como uma revoada de pássaros em pleno verão. Bem vindos Canarinho, Sabiá, Raízes de Coremar, Revelação do Zimba, O Popular, Raízes da Terra e Japiim.
E da fronteira bragantina vão chegar os carimbozeiros de Capanema, trazendo a herança guardada das tradições nordestinas misturadas a esse carimbó que vem mostrar sua beleza e originalidade. Bem vindos Estação Carimbó e Ouricuri ao nosso festival.
Da grande Belém já se espera a vinda dos tambores coloridos e festeiros do carimbó urbano, sotaques de raiz vindo de muitos lugares do interior, se unindo à sonoridade da cidade que não pára nunca e que cultiva esse amor incondicional ao carimbó desde os tempos da Cabanagem. Bem vindos Sancari, Unidos do Paraíso e Paranativo.
E do outro lado da baía tem uma ilha imensa de sonho e criatividade, uma barreira que guarda o mar, chamada Marajó. Seja bem vindo Cruzeirinho e seu balanço marajoara que não se aperreia nem na travessia mais arriscada.
Já é quase noite nas ruas de Santarém Novo, terra que guarda a tradição secular do Carimbó de São Benedito e seus rituais e devoções ancestrais, patrimônio cultural brasileiro e da humanidade. Na casa de cada carimbozeiro se arrumam os tambores, se enfeitam as saias, se preparam as comidas e os carinhos para receber quem está vindo compartilhar dessa festa tão bonita, tão nossa. O Barracão de São Benedito já está todo enfeitado, esperando a hora do Zimba começar....
Os mestres e artistas dos Quentes da Madrugada, Trinca-Ferro, Herdeiros da Tradição e Raio do Sol aguardam os que vêm vindo de longe, percorrendo a estrada se abre e os traz ao 10º FESTIVAL DE CARIMBÓ DE SANTARÉM NOVO, barracão, palco e terreiro de uma bandeira somente, desde sempre acolhendo quem é verdadeiro e se orgulha de sua identidade. Bem vindos cada mestres, músico, dançarino, brincante e amante do Carimbó, que sua estadia nos deixe sabedoria, alegria e saudades.
Os mestres e artistas dos Quentes da Madrugada, Trinca-Ferro, Herdeiros da Tradição e Raio do Sol aguardam os que vêm vindo de longe, percorrendo a estrada se abre e os traz ao 10º FESTIVAL DE CARIMBÓ DE SANTARÉM NOVO, barracão, palco e terreiro de uma bandeira somente, desde sempre acolhendo quem é verdadeiro e se orgulha de sua identidade. Bem vindos cada mestres, músico, dançarino, brincante e amante do Carimbó, que sua estadia nos deixe sabedoria, alegria e saudades.
Bem vind@s todas e todos ao nosso festival, que aguarda só vocês para começar...
Festival de Carimbó de Santarém Novo: 10 anos de paixão e valorização da nossa cultura
“Mamãe eu quero um vestido, da seda mais encarnada
Pra dançar o carimbó no meio da rapaziada...”
(trecho de cantiga tradicional da Irmandade de Carimbó de São Benedito-Santarém Novo)
Já é dezembro e o som dos tambores anuncia o 10º FEST RIMBÓ – Festival de Carimbó de Santarém Novo, espalhando alegria e energia nos dias 17 e 18 de dezembro de 2011, antecedendo a tradicional festividade de carimbó da centenária Irmandade de Carimbó de São Benedito.
Completando 10 anos de história, o FEST RIMBÓ é muito mais do que um simples evento anual, consolidando-se como um dos principais espaços de valorização e difusão da cultura popular paraense. É o principal festival articulado pelo movimento cultural que luta pelo registro do Carimbó como Patrimônio Imaterial do Brasil.

Acreditamos necessário unir a festa com a reflexão, o show com o debate, a educação e a oralidade, o palco com a roda de conversas, cantos e danças, na construção de um dinâmico movimento cultural do carimbó, organizado pelas comunidades, grupos e mestres carimbozeiros que lutam por reconhecimento e dignidade. Este tem sido o objetivo maior deste Festival.
Cortejo da Campanha do Carimbó (2010) |
Nesse sentido, o 10º FEST RIMBÓ continua sendo o espaço privilegiado de articulação e reflexão da Campanha “Carimbó Patrimônio Cultural Brasileiro”, movimento nascido no festival de 2005 e que há 7 anos vem lutando para registrar o Carimbó paraense como patrimônio cultural imaterial do Brasil.
Para comemorar uma década de atividades ininterruptas, o FEST RIMBÓ 2011 promove o (re)encontro grupos e mestres carimbozeiros que já passaram pelo Festival ao longo de seus dez anos de existência, reafirmando a importância do evento para o reconhecimento e fortalecimento do carimbó paraense.
Realizado desde 2002 pela Irmandade de Carimbó de São Benedito, o FEST RIMBÓ conta hoje com várias parceiros e apoiadores como a Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves, Instituto de Artes do Pará, SESC Pará, Assembléia Legislativa do Pará, IPHAN, Prefeitura Municipal de Santarém Novo, Câmara Municipal, Casa Grande, Movimento Nossa Casa de Cultura e Cidadania, dentre outras instituições.
Atividades do festival celebram a tradição e diversidade do Carimbó
Crianças do Tio Milico (Maracanã) |
O Mini-Festival de Carimbó com os grupos mirins é outra atividade criada para incentivar essa renovação e continuidade da tradição do carimbó. O FEST RIMBÓ foi o primeiro evento a oferecer esse espaço para as crianças e adolescentes mostrarem o talento herdado de seus pais, sendo referência para a criação de grupos mirins em vários outros municípios da região. Realizado desde 2005, este ano o Mini-Festival receberá os pequenos carimbozeiros do Espaço Cidadão Tio Milico, da Ilha de Maiandeua (Maracanã) e o anfitrião Trinca-Ferro Mirim, grupo criado pelo casal de mestres Ana e Bernardo (Santarém Novo).
As Oficinas de Saberes e Fazeres do Carimbó, ministradas por mestres da Irmandade, também se inserem no esforço da comunidade em transmitir sua tradição oral aos mais jovens e assim assegurar sua preservação e continuidade. Realizadas desde 2005, utilizam a pedagogia da oralidade e privilegiam os saberes de mestres e mestras da própria comunidade.
E para democratizar o acesso à produção audiovisual paraense e brasileira ainda tem o Circuito Cine-Carimbó, mostra itinerante de vídeos sobre a temática do Carimbó que será realizada no âmbito do evento, com a exibição de filmes como “Chama Verequete”, “O Grande Balé de Damiana”, entre outros. O Cine-Carimbó é uma ação da Campanha do Carimbó e percorre as comunidades carimbozeiras da capital e do interior do Estado.
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Coordenador da ASSEBA no Seminário de 2010 |
O 10º FEST RIMBÓ continuará sendo também o espaço maior de articulação da Campanha “Carimbó Patrimônio Cultural Brasileiro”, importante movimento cultural que nasceu neste mesmo Festival em dezembro de 2005, quando a Irmandade de São Benedito e vários grupos culturais iniciaram a mobilização junto ao IPHAN para registrar o Carimbó como patrimônio imaterial da cultura brasileira. Como parte da programação do evento, teremos o 7º Seminário da Campanha, abordando o tema “Caminhos do Carimbó na luta por valorização e dignidade”, onde se discutirá as questões relacionadas ao processo de registro em andamento e também as estratégias de fortalecimento e continuidade da rede social e cultural criada a partir desse movimento. Participam os coletivos locais da Campanha de diversos municípios, além de mestres, jovens músicos e dançarinos, produtores culturais, educadores e instituições ligadas à cultura popular.
O 7º Encontro dos Mestres de Carimbó homenageará Mestre Bento Trindade Alves, fundador do grupo Raízes da Terra (Marapanim) que se encontra gravemente doente e cuja situação reflete a realidade vivida por muitos mestres mestras populares. O evento será o espaço de trocas, vivências e articulações entre mestres e mestras tradicionais que lutam pelo reconhecimento de seus saberes e fazeres, contando com a participação de instituições ligadas à cultura popular como o IPHAN, Fundação Cultural Tancredo Neves, IAP, dentre outras. Experiência única no Pará, o encontro deste ano reunirá mestres e mestras de várias tradições importantes do Carimbó, como a flauta e o banjo artesanais, o batuque tradicional, a confecção de instrumentos e a dança, buscando contribuir para o reconhecimento da importância desses mestres na preservação e transmissão da cultura tradicional às novas gerações.
Uma das novidades desta edição é a realização da Oficina-Vivência de Ludicidade, Literatura e Artereciclagem com as crianças da comunidade, promovida por ativistas do Movimento Nossa Casa de Cultura e Cidadania (AP), que atua em comunidades ribeirinhas da Amazônia. Jonas Banhos, arte-educador, palhaço e Mochileiro Tuxaua será o animador dessa atividade, que busca estimular a criatividade, a leitura e sensibilidade ambiental de crianças e adolescentes a partir de suas próprias referências culturais, que no caso de Santarém Novo é o carimbó.
O festival realizará ainda Cortejos de Carimbó, Festa no Barracão, Alvoradas, Feira de Artes e Sabores Amazônicos, Cine-Carimbó e animados bailes e shows com grupos regionais, como o Grupo Raízes da Terra (Marapanim) e locais, como o Grupo Os Quentes da Madrugada.
O 10º FEST RIMBÓ será realizado na cidade de Santarém Novo, na região do Salgado paraense, nos dias 17 e 18 de dezembro de 2011, antecedendo as tradicionais festas de carimbó da centenária Irmandade de São Benedito desta cidade.
Todas as atividades do evento serão gratuitas e abertas ao público. A realização é da Irmandade de Carimbó de São Benedito, em parceria com a Campanha Carimbó Patrimônio Cultural Brasileiro, tendo o apoio do IPHAN-PA, da Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves, do SESC-PA, do Instituto de Artes do Pará, da Prefeitura Municipal de Santarém Novo, Câmara Municipal de Santarém Novo.
SERVIÇO:

O que: 10º FEST RIMBÓ – Festival de Carimbó de Santarém Novo
Quando: 17 e 18 de dezembro de 2011Onde: Espaço da Irmandade de Carimbó de São Benedito, Santarém Novo/PA
Como Chegar: Veja AQUI
Contatos da Coordenação:
(91) 8722-9502 / 9137-9017 / 8263-9738Blog: www.festrimbo.blogspot.com
Email: carimbopatrimonioculturalBR@gmail.com
PROGRAMAÇÃO GERAL
Dia 17/dez – Sábado | |
06:00 | Alvorada do Festival com fogos e cantorias |
09:00 às 13:00 | 7º Encontro dos Mestres de Carimbó Tema – Carimbó: que patrimônio é esse? Convidados: Nilson Chaves (FCPTN), Mestres e Mestras flautistas, saxofonistas, batuqueiros, banjistas, compositores, construtores de instrumentos e dançadores(as). |
09:00 às 16 | Atividades lúdicas e culturais com crianças da comunidade – Movimento Nossa Casa de Cultura e Cidadania (AP) – Barracão da Irmandade |
16:30 | Cortejo Cultural de abertura – 10 anos do FEST RIMBÓ |
18:00 | Cerimônia de Abertura, ao som da Orquestra de Carimbó de Santarém Novo |
18:30 | Mini Festival Ano VII – Mostra de Grupos Mirins de Carimbó – Tio Milico (Ilha de Maiandeua) |
19:30 | Troféu Mestre Celé de Carimbó – 10ª Edição – Mostra de Grupos de Carimbó |
00:00 | Festa de Carimbó no Barracão da Irmandade – Grupo Os Quentes da Madrugada e convidados |
Dia 18/dez – Domingo
06:00 | Alvorada do Festival com fogos e cantorias |
09:00 às 13:00 | 7º Seminário da Campanha “Carimbó Patrimônio Cultural Brasileiro” Tema – Caminhos do Carimbó na luta por valorização e dignidade Expositores: IPHAN/PA, Irmandade de S. Benedito/Santarém Novo, Espaço Cidadão Tio Milico/Maracanã, Associação Raízes da Terra/Marapanim e convidados Convidados: Instituto de Artes do Pará, Regional Norte/MINC, gestores e produtores de cultura da região |
09:00 às 14 | Atividades lúdicas e culturais com crianças da comunidade – Movimento Nossa Casa de Cultura e Cidadania (AP) – Barracão da Irmandade |
16:30 | Arrastão do Carimbó Patrimônio Cultural Brasileiro – grande cortejo cultural com todos os grupos presentes – 7 anos da Campanha do Carimbó |
17:30 | Cordão Tradicional “Os Pretinhos” (Santarem Novo) |
18:00 | Mini Festival Ano VII – Mostra de Grupos Mirins de Carimbó – Trinca Ferro Mirim (Santarem Novo) |
18:30 | Homenagens pelos 10 anos do FEST RIMBÓ – entrega de troféus e agradecimentos a pessoas, grupos e instituições que fazem parte dessa história |
19:00 | Homenagem a Mestre Bento – Grupo Raízes da Terra (Marapanim) |
19:30 | Troféu Mestre Celé de Carimbó – 10ª Edição – Mostra de Grupos de Carimbó |
01:00 | Encerramento do 10º FEST RIMBÓ |
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