quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Quer escutar uma história?

Dona Lôla Loureiro mantêm viva a memória da Cultura Popular!

A voz pode estar cansada e as pernas exaustas para grandes caminhadas. O brilho nos olhos, no entanto, nos revela em poucos segundos que estamos diante de uma autêntica guardiã da memória coletiva de Santarém Novo. Dona Lôla Loureiro, 86 anos, é uma das mais antigas mestras da cultura popular do município. Suas lembranças e histórias saem de sua boca com a marca de quem, de fato, viveu de perto, durante muitos anos, as festas e folguedos do lugar. O 13º Festival de Carimbó de Santarém Novo, fruto direto dessa trajetória, pede licença respeitosamente a ela antes de começar.

“Desde criança que eu gostava de brincar. Quando era mocinha, saía no Pássaro Ararajuba, na vila de Santo Antônio”, recorda. Dona Lôla se refere ao cordão de pássaro, um tipo de teatro popular tipicamente amazônico, no qual personagens como a “Guardiã do Pássaro”, a “Fada” e o “Caçador” protagonizam os espetáculos. Sem esquecer dos “Matutos”, que arrancavam risadas dos espectadores. Mas os anos de brincantes, segundo ela, duraram apenas até se casar com seu Temístocles, mais conhecido como Seu Bitoca, que dá nome à Biblioteca Municipal da cidade. Em Santarém Novo, um dos pássaros encenados por dona Lôla e seu Bitoca, era a “Ave do Paraíso”.

O marido era ensaiador de brincadeiras como o Cordão de Pássaros e os Pretinhos, manifestação que consiste em cantos e danças de meninos vestidos de homem e mulher, e que estará na programação do festival. Dona Lourdes passou então a trabalhar com os figurinos dos atores. “Eu desenhava os modelos e entregava para as famílias costurarem para os seus filhos. Todos faziam a sua parte. Hoje as pessoas só querem se tiver algum apoio e as meninas têm vergonha”, constata. Mas nada de lamentações, né, Dona Lourdes? “Eu tinha era muita vontade de fazer ainda, só que não posso mais. Quem continua agora são os meus netos”.

O baú de histórias é imenso e a simpatia, também. Em um final de tarde, após tomar um tacacá na banca de Dona Irene, procure saber onde fica a casa de Dona Lôla. Peça a sua benção, sente-se ao lado de sua cadeira de balanço. Em poucos minutos, você descobrirá a razão de Santarém Novo ser uma cidade que merece ser visitada.


E não esqueça. Para contribuir com o Festival de Carimbó de Santarém Novo é só participar do financiamento coletivo no site Kikant ( http://www.kickante.com.br/campanhas/festival-de-carimbo-de-santarem-novo-fest-rimbo-0). A cultura popular paraense agradece.

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