Já é noite alta, a festa está quente. No barracão da Irmandade de
São Benedito, em Santarém Novo, os casais dançam sem parar, tradicionalmente
vestidos com seus paletós e suas saias coloridas. Você, visitante, está
empolgado e suado, rodando ao ritmo do carimbó. Mas pare um instante! Olhe para
o conjunto que toca, repare bem. Você já notou os detalhes dos instrumentos dos
quais os mestres tiram o som? O curimbó, por exemplo, o tambor grande também
chamado de carimbó e que intitula o ritmo, é todo esculpido e pintado à mão. Já
imaginou o trabalho que dá?
O Festival de Carimbó de Santarém Novo é um espaço que, além de abrigar folia e devoção, oferece também
oportunidades de contato com os saberes dos mestres artesãos do carimbó. Como parte da programação do festival, o mestre Sabá, um dos mais importantes do município, ministrará uma oficina, no dia 12 de dezembro, no Sesc Boulevard, em Belém, sobre as técnicas que utiliza na confecção dos instrumentos. Segundo o próprio mestre, que já trabalhou com oficinas também na Fundação Curro Velho, o trabalho deve ser desenvolvido com insistência. “O segredo é ir fazendo, ir descobrindo as técnicas, ir pegando a prática. Eu não aprendi ‘de pai pra filho’. Ninguém me ensinou”, ele conta. A oficina também ser ofertada em Santarém Novo, voltada para aprendizes da comunidade, principalmente aos grupos mirins, na semana que antecede o festival.
Mestre Sabá, que também confecciona esculturas de caranguejos, araras e tatus, utilizando o formão sobre a madeira, lembra que iniciou no ofício a partir de um sonho. Após uma noite em que se via fabricando as peças, decidiu que se tornaria alguém capaz de materializar suas visões. “Fui para o mangue, cortei o tronco da siriúba, limpei ela, e fui fazendo. Eu já tava com uma boa idade. Depois isso, deu o meu sustento para pagar água, pagar luz, ajudar no sustento dos meus filhos”.
Foi durante o Fest Rimbó que ele iniciou a prática de repassar seus conhecimentos aos mais jovens. Começou então a ter gosto de sempre manter sua oficina aberta às pessoas de olhar atento que, além de dançarem no barracão, se interessam pelos pormenores do artesanato. Para contribuir com o financiamento do Festival e ajudar para que oficinas como essa sejam ofertadas, basta que você acesse o site Kikant
Nenhum comentário:
Postar um comentário