quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

CHEGANDO POR CÉUS, TERRAS E ÁGUAS...


É final de tarde em Santarém Novo, pequena e antiga cidade às margens do Rio Maracanã que aguarda a chegada de ilustres visitantes. Nas águas barrentas do rio o sol espalha mil tons de dourado, festa antecipada de cores e alegria que toma conta do coração do povo que escolheu um tambor de madeira oca para celebrar sua identidade e diversidade. Um tambor chamado Curimbó, herança tupi e africana que deu origem à mais perene e definitiva manifestação do povo paraense: o Carimbó.

O Carimbó  que pulsa no ritmo da batida do coração de cada morador dessa região, sinfonia da natureza que alcançou as cidades e se instalou no bem querer de todo o povo, tradição que resiste ao tempo e ao preconceito, agora próximo de ser reconhecido como patrimônio da cultura deste país.

Em cada comunidade, ponta de praia, beirada de rio, bairro e cidade os preparativos para a esparada viagem já começaram. São muitos os que aguardam a hora de embarcar...E vêem por muitos caminhos, guiados pelo sentimento e certeza de que esse (re)encontro se fará pleno de festividades.

Sejam então bem vindas as canoas de pesca que zarpam da lendária Ilha de Maiandeua e da tradicional cidade de Maracanã, trazendo em seu bucho de madeira os mestres e crianças de Fortalezinha e Algodoal, com seus tambores de siriúba e suas cantorias praianas, povoadas das histórias do mar e da Praia da Princesa...Bem vindo Chico Braga, pela primeira vez ao nosso terreiro, que a maré lhes traga com alegria e segurança. Bem vindos Tio Pedro e Tio Milico, Novo Zimba e Unidos de Maracanã.

Pelas estradas que cortam a região do Salgado desde a Praia da Romana até o Farol de Salinas, virão os carimbozeiros de Curuçá, Salinas e Marapanim, com seus batuques poderosos e suas melodias de encanto saindo de seus banjos e gargantas como uma revoada de pássaros em pleno verão. Bem vindos Canarinho, Sabiá, Raízes de Coremar, Revelação do Zimba, O Popular,  Raízes da Terra e Japiim.

E da fronteira bragantina vão chegar os carimbozeiros de Capanema, trazendo a herança guardada das tradições nordestinas misturadas a esse carimbó que vem mostrar sua beleza e originalidade. Bem vindos Estação Carimbó e Ouricuri ao nosso festival.

Da grande Belém já se espera a vinda dos tambores coloridos e festeiros do carimbó urbano, sotaques de raiz vindo de muitos lugares do interior, se unindo à sonoridade da cidade que não pára nunca e que cultiva esse amor incondicional ao carimbó desde os tempos da Cabanagem. Bem vindos Sancari, Unidos do Paraíso e Paranativo.

E do outro lado da baía tem uma ilha imensa de sonho e criatividade, uma barreira que guarda o mar, chamada Marajó. Seja bem vindo Cruzeirinho e seu balanço marajoara que não se aperreia nem na travessia mais arriscada.

Já é quase noite nas ruas de Santarém Novo, terra que guarda a tradição secular do Carimbó de São Benedito e seus rituais e devoções ancestrais, patrimônio cultural brasileiro e da humanidade. Na casa de cada carimbozeiro se arrumam os tambores, se enfeitam as saias, se preparam as comidas e os carinhos para receber quem está vindo compartilhar dessa festa tão bonita, tão nossa. O Barracão de São Benedito já está todo enfeitado, esperando a hora do Zimba começar....

Os mestres e artistas dos Quentes da Madrugada, Trinca-Ferro, Herdeiros da Tradição e Raio do Sol aguardam os que vêm vindo de longe, percorrendo a estrada se abre e os traz ao 10º FESTIVAL DE CARIMBÓ DE SANTARÉM NOVO, barracão, palco e terreiro de uma bandeira somente, desde sempre acolhendo quem é verdadeiro e se orgulha de sua identidade. Bem vindos cada mestres, músico, dançarino, brincante e amante do Carimbó, que sua estadia nos deixe sabedoria, alegria e saudades.

Bem vind@s todas e todos ao nosso festival, que aguarda só vocês para começar...


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