sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Os poetas do Carimbó: a natureza da composição

Mestre Bento Pimentel, da Vila de Bacuriteua, um poeta do carimbó.


“Uns falam isso, outros falam aquilo. A verdade é que o carimbó é uma força da natureza. É a fauna e a flora juntas. Por isso que a pessoa que escuta sente vontade de ter contato com a terra, de dançar descalça”. Quem nos explica é o Mestre Bento Pimentel, morador da Vila de Bacuriteua, que fica próxima à Santarém Novo. A natureza é a grande inspiradora de suas criações. Durante o Festirimbó, compositores de diferentes estilos e gerações se unem para espalhar seus versos carregados da cultura ribeirinha da Amazônia aos ouvidos dos visitantes.

Antônio Máximo, mais conhecido como Toninho, faz parte de um grupo de jovens músicos chamado “Herdeiros da Tradição”, o único do município a ser premiado durante o festival. Ele nos conta que seu ofício de compositor nasceu inspirado pelo próprio Festival, mas, inicialmente, ainda estava muito ligado a outros ritmos como o rock´n roll. Hoje, após 12 anos de trabalho e 20 composições originais, o nome do grupo ganha mais sentido. “Atualmente tocamos o carimbó de raiz, de pau e corda. E não nos consideramos “artistas” não, isso é coisa pra quem tem apoio. Nós somos tocadores de carimbó”, afirma.

São muitos os temas das letras cantadas no barracão da Irmandade de São Benedito. O Mestre João Cabeção, da Vila do Pacujá, destaca duas personagens míticas como grandes motivadoras de canções: a Sereia e a Princesa. “É difícil você encontrar um grupo que não tenha uma música sobre elas”, nos explica ele após cantar um carimbó “de Sereia”. “Rapaz, a gente não vê, mas a gente inventa e faz o negócio. Acho que ninguém ainda não viu. Mas eu acredito que tenha, né? Porque os velhos, meu pai, contavam essas histórias de sereia”, relembra.

Segundo o Mestre, para fazer um carimbó, é preciso estar em silêncio, quieto. “Ah, isso custa um pouco, né? Não é numa hora que o cara faz pra criar uma música”. Deve ser assim, no sossego de um roçado ou à beira do forno de farinha, que a força da natureza vem soprar aos ouvidos dos poetas suas novas cantigas. Quer vir conhecer de perto as melodias e seus mistérios? É só ir à Santarém Novo nos dias 18, 19 e 20 de dezembro. Quem sabe as entidades dos rios e das matas também não lhe contam segredos?
Não esqueça. Para contribuir com o Festirimbó é só participar do financiamento coletivo no site Kikant (http://www.kickante.com.br/campanhas/festival-de-carimbo-de-santarem-novo-fest-rimbo-0). A cidade lhe aguarda.

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