quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

FEST RIMBÓ: 09 ANOS DE PAIXÃO E ORGANIZAÇÃO PELO CARIMBÓ!


Os primeiros anos...

O FEST RIMBÓ – Festival de Carimbó de Santarém Novo – foi realizado pela primeira vez em novembro de 2002 a partir das discussões feitas pelo Fórum de Desenvolvimento Local, Integrado e Sustentável de Santarém Novo, uma articulação de várias entidades sociais e culturais locais que discutiam as alternativas de desenvolvimento da cultura e da economia do município.


Idealizado pelo sr. Fernando Loureiro, entusiasta da cultura local, o Festival iniciou sua trajetória pelas mãos das organizações culturais e comunitárias que faziam parte do Fórum, dentre elas a Irmandade de Carimbó de São Benedito e o Centro Solidariedade. O 1º FEST RIMBÓ, realizado no mês de novembro de 2002, com mínimos recursos e muita garra, era então somente o concurso de composições de carimbó aberto aos grupos da região, permanecendo com esse formato até sua 3ª edição em 2004.

A partir de 2004, o FEST RIMBÓ passa a ser realizado no mês de dezembro, sempre antecedendo as festas tradicionais da centenária Irmandade de Carimbó de São Benedito, que passa a assumir cada vez o papel de fomentadora e organizadora do Festival, uma vez que o Fórum DLIS se dissolve nesse período.

O Festival levanta a bandeira do Carimbó como Patrimônio Cultural Brasileiro
A cada nova edição do festival o número de participantes aumenta cada vez mais, com a presença de grupos de Belém e de outras regiões do Estado, fazendo com que o evento ganhasse uma visibilidade maior e se tornasse uma importante referência para a cultura do carimbó no Pará. A cidade de Santarém Novo torna-se um espaço de encontro e convivência de boa parte das diversas vertentes e tradições do carimbó, gerando um processo crescente de valorização dessa manifestação em nível local e regional. Um reflexo disso é o surgimento de inúmeros grupos novos de carimbó no município e nas cidades vizinhas estimulados pela proposta do Festival. Até as crianças criam seus grupos mirins e começam a exigir seu espaço dentro do evento. Sente-se cada vez mais a necessidade de promover a reflexão entre os grupos sobre a situação atual e futura desse carimbó, indo além do espetáculo e da disputa pela premiação.

Como resultado desse processo, em dezembro de 2005 o FEST RIMBÓ é reorganizado com uma nova estrutura, inserindo novas atividades como oficinas, seminários, encontros de mestres, circuito cultural nas escolas e um mini-festival, além de manter o concurso de carimbó já tradicional. Destacamos aqui a realização pela Irmandade do Seminário “Carimbó e identidade cultural popular na Amazônia” e o 1º Encontro dos Mestres de Carimbó, duas atividades fundamentais para a discussão sobre a importância do Carimbó como elemento de afirmação da identidade cultural de nosso povo. Foi nesse espaço que o IPHAN apresentou à Irmandade e aos grupos presentes o Programa Nacional de Patrimônio Imaterial, falando sobre o processo de registro e abrindo assim a possibilidade de tornar o Carimbó patrimônio imaterial da cultura brasileira. Assumindo essa proposta, a Irmandade e os grupos de carimbó iniciam então as mobilizações para viabilizar esse registro, transformando o festival no principal espaço de construção e referência desse novo movimento cultural que ali surgia.


Em dezembro de 2006, o 5º FEST RIMBÓ realizou o 2º Encontro dos Mestres de Carimbó e o Seminário “Carimbó como Patrimônio Cultural do Brasil” onde o IPHAN novamente participou falando sobre como seria o registro do Carimbó, dando seqüência à discussão iniciada um ano antes. O resultado foi a criação da Campanha “Carimbó Patrimônio Cultural Brasileiro”, sendo lançado o primeiro Manifesto dos Mestres de Carimbó em favor desse objetivo, além de uma campanha de coleta de assinaturas apoiando o pedido de registro que buscava mobilizar a sociedade e os segmentos culturais para a causa do Carimbó. Destacamos também a realização das oficinas de dança e percussão de carimbó nas escolas municipais, ampliando as ações desenvolvidas pelo festival.


Em dezembro de 2007 acontece o 6º FEST RIMBÓ, com a realização do Seminário “Carimbó: Patrimônio Cultural Brasileiro” que traz a Superintendente Regional do IPHAN para discutir os detalhes e desdobramentos do processo de registro com os grupos de carimbó e entidades envolvidas na campanha. O 3º Encontro dos Mestres de Carimbó acontece com a presença do Secretário de Estado da Cultura, Edílson Moura, que reafirma o compromisso da SECULT em colaborar na realização do Inventário e na viabilização da Campanha pelo registro do Carimbó. A campanha entra em uma nova etapa, com a Irmandade articulando a participação de outras associações para oficializar o pedido de registro junto ao IPHAN, visando garantir o início do Inventário de Referências Culturais do Carimbó. As oficinas de Saberes e Fazeres do Carimbó também se realizam pelo terceiro ano consecutivo graças ao apoio da Fundação Curro Velho, atendendo à necessidade de transmissão dos saberes dos mestres para as novas gerações e garantindo assim a sua permanência na comunidade.

 Em sua 7ª edição em dezembro de 2008, o FEST RIMBÓ passou a se realizar no espaço da própria Irmandade, junto ao seu tradicional Barracão de Carimbó, mantendo as suas diversas atividades como o Troféu Mestre Celé, as oficinas com os mestres, o circuito cultural nas escolas, o mini-festival os arrastões, além de realizar pelo quarto ano consecutivo o Seminário Cultural e o aguardado Encontro dos Mestres de Carimbó, com participação de mestres e grupos vindos de vários municípios da região e a presença do IPHAN regional, Secult, Fundação Curro Velho e outras instituições. Além disso, as escolas locais conseguem organizar seus próprios grupos mirins de carimbó a partir das oficinas realizadas no Circuito de Carimbó nas escolas.


O 8ª FEST RIMBÓ ocorreu em dezembro de 2009 e pela primeira vez recebeu o apoio direto do Ministério da Cultura através da primeira edição do Prêmio Areté – Eventos Culturais em Rede, coordenado pela Secretaria de Cidadania Cultural/MinC. Essa premiação só foi possível graças à parceria estabelecida com o Ponto de Cultura Iaçá, de Belém, que já era um antigo aliado da Irmandade de Carimbó de São Benedito. A seleção do Festival nesse edital possibilitou sua realização com um grau de autonomia financeira e qualidade de infraestrutura/logística que nunca havíamos tido antes, o que resultou no empoderamento da comunidade bem como no fortalecimento do protagonismo da Irmandade de Carimbó de São Benedito no campo político e cultural da região, além de proporcionar uma visibilidade nacional à nossa iniciativa.

Em 2010 a 9ª edição reafirma a importância do festival como o principal evento estruturante de todo o movimento cultural do carimbó como patrimônio imaterial do Brasil, foco de articulação e fortalecimento da Campanha Carimbó Patrimônio Cultural Brasileiro. Pelo segundo ano consecutivo a Irmandade conquista o Prêmio Areté – Eventos Culturais em Rede, junto à SCC/MinC, desta vez em parceria com o Ponto de Cultura Cruzeirinho (Soure). Com uma participação cada vez mais intensa de grupos e mestres de carimbó de todo o Estado, o festival recebe também um público que valoriza a cultura popular e seus artistas, acolhendo este ano a presença inspiradora do Samba de Roda da Bahia, manifestação irmã na ancestralidade que já é reconhecida como patrimônio cultural brasileiro pelo IPHAN e como patrimônio da Humanidade pela UNESCO.


Ao longo de todo esse processo, o FEST RIMBÓ vai consolidando sua história como um dos principais espaços de valorização e difusão da cultura popular paraense. Com matérias publicadas em jornais e revistas do Pará e de outros estados brasileiros, esse evento afirma-se como canal privilegiado para a divulgação e circulação do carimbó como patrimônio cultural do povo paraense e amazônida, parte essencial do patrimônio cultural do Brasil.
Nossa gratidão e reverência eternas a todos os nossos mestres e mestras que nos deixaram esse legado maravilhoso, a todos os aliados e aliadas que acreditam na capacidade criativa e organizativa de nosso povo, a todos os grupos e mestres em atividade que nos honram a cada ano com sua presença e participação.

O CARIMBÓ VIVE! QUE VIVA O CARIMBÓ!

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