A Cultura Popular assumiu o centro do debate |
O Festival de Carimbó de Santarém
Novo (Fest-Rimbó) é uma referência em todo o Estado do Pará por reunir grupos
de carimbó de diversos municípios, como Marapanim, Santa Bárbara, Salinas, São Miguel do Guamá, Salvaterra, Parauapebas,
Maracanã e Belém. O que é preciso
ressaltar a cada ano, no entanto, é o caráter político do festival. Na última
edição, foi mais uma vez realizado dentro do evento o Encontro de Mestres e Mestras do Carimbó,
espaço onde ocorreram trocas de experiências e debates sobre as políticas culturais que são necessárias para as culturas populares.
Mestre Manoel Agnaldo, de
Marapanim, representante atual do carimbó no Colegiado Setorial de Cultura
Popular do Ministério da Cultura (Minc), considerou que a grande importância do
Fest-Rimbó atualmente é promover momentos de reconhecimento da cultura popular
como um elemento fundamental de sobrevivência da população amazônica. “É
preciso que a gente entenda que a maior explosão cultural do nosso estado deve
ser tratada com amor. E que a nossa união é o mais importante”, ressaltou.
Segundo Mestre Manoel, após o
reconhecimento do carimbó como patrimônio brasileiro, surgiu uma nova
ferramenta de reivindicação importante para os mestres: a documentação oficial gerada pelo Iphan, como o dossiê e o certificado de Patrimônio Imaterial entregue aos mestres e grupos.
Que, no seu entendimento, são chaves importantes para abrir novas portas para a
cultura popular por meio de pressão pelo desenvolvimento de políticas públicas.
Para outras lideranças, como o músico e artesão Edson, do Grupo Zimba Retumbá, de
Parauapebas, os grupos devem ter como prioridade os jovens e crianças de seus
municípios, para que o conhecimento presente no carimbó possa circular e se
retroalimentar das novas gerações.
Estiveram presentes também
convidados de outros estados e regiões do país como o Grupo Flor de Pequi, da cidade de Pirenópolis, Goiás, que trabalha com brincadeiras e cantigas de roda, e o Mestre Zé da Viola e sua Reisada, acompanhado de Dona Lourdes, Catarina Ribeiro e o fotógrafo Marcos Nogueira, que vieram de Roraima. Além de ministrar oficinas e
se apresentarem na programação do festival, os convidados compartilharam suas
impressões sobre o evento e sua importância para o universo da cultura popular amazônica e brasileira. “A gente não entende a vida sem as nossas
brincadeiras populares”, defendeu Catarina Ribeiro.